Incluído no calendário escolar nacional em 2003, o dia 20 de Novembro só foi convertido em lei (Lei 12.519) em 2011. A data não lembra apenas a morte de Zumbi, líder escravizado do Quilombo dos Palmares; ela simboliza “o dia da Consciência Negra”. No Brasil, 20 de Novembro é feriado em 1.047 (mil e quarenta e sete) municípios. É um dia de reflexão e luta. É inegável o legado deixado pelas populações negras e africanas na cultura brasileira. Ele está presente na sociologia, na política, na religião, na gastronomia, na literatura, na música e nas artes em geral. Portanto, o dia 20 de Novembro é dia de lembrar e reverenciar Lélia Gonzales, Guerreiro Ramos, Abdias do Nascimento, Cida Bento, Milton Santos, Beatriz Nascimento, Clovis Moura, Nilma Lino Gomes, Jurema Werneck, Sueli Carneiro, Milton Nascimento, Conceição Evaristo, Carolina Maria de Jesus e tantos outros.
20 de Novembro é também dia de não se esquecer que os negros foram oprimidos, por mais de 300 anos, pelo sistema escravista no Brasil, último país a abolir a escravidão; que eles são 76% dos mais pobres; que representam a população com renda média 2,5 vezes menor que a população branca; que são mais de 60% da população penitenciária do país e que a cada 23 minutos um negro é assassinado. Como afirmou, há muito tempo, Alfredo Bosi, datas são pontas de iceberg. Podemos ver apenas seu topo, mas abaixo dele há uma imensidão submersa. Que a morte de Zumbi, esse ponto acima do oceano, consiga, de fato, enegrecer o pensando da população brasileira descortinando e desenvolvendo a consciência e o reconhecimento da cultura afro-brasileira.
Kelly Eleutério, historiadora da SECTUR/ Prefeitura Municipal de Diamantina
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| Crédito: Acervo SECTUR |
Referências:
BOSI, Alfredo. O tempo e os tempos. In: NOVAIS, Adalto (org.). Tempo e História. São Paulo: Cia das Letras, 1992, p.19-32.
PESTANA, Maurício. 20 de Novembro. Dia da Consciência Negra. Portal Geledés, 2016. Disponível em: https://www.geledes.org.br/20-
Maravilhoso texto!!! Importante e necessário refletir sobre os fatos tão bem colocados. Sim, precisamos descortinar, desenvolver, reconhecer e despertar a nossa consciência afro-brasileira. Parabéns pela reflexão!!
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