terça-feira, 9 de abril de 2019

GUARDA ROMANA DE DIAMANTINA


As celebrações da Semana Santa ultrapassam o sentido meramente religioso, relacionando crença, manifestação, doutrinas, a vivência da religiosidade leiga, a pompa cerimonial, a cultura artística e material. As festas requerem saberes de produção de ornamentos, estruturas, vestimentas, músicas e outras artes diversas, conectando dimensões materiais e simbólicas.

Intrinsecamente ligada as celebrações da Semana Santa em Diamantina está a Guarda Romana, inserida no vasto patrimônio cultural diamantinense, estando inscrita no Livro das Celebrações (no qual são inscritos rituais e festas que marcam a vivencia coletiva do trabalho, da religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social), devido a toda importância que lhe e conferida dentro da celebração, assim como a particularidade de seus toques e a execução de uma coreografia pelos guardas, o que marca o diferencial em sua participação.

Em 2019, faleceu Jose Leopoldino Neves, que a 67 anos fazia parte da guarda, tendo recebido o posto de Centurião Mestre em abril de 2001, como consta no livro de atas do grupo. 

Jose Leopoldino Neves, Zé Neves, como era popularmente conhecido, deixou um legado de organização, retidão, pulso firme e amor pelo grupo. Foi o responsável pelo documento que motivou o registro da Guarda como patrimônio imaterial de Diamantina em 2014. 

Desde então, executa-se anualmente o Plano de Salvaguarda do bem e passou-se a subsistir a obrigação pública de documentar, acompanhar, investir e apoiar a sua recriação, como forma de manter viva sua tradição e sua história. Reuniões com o grupo, levantamento de demandas e investimentos em indumentárias, acessórios, lanches, divulgação, cadastro dos participantes e pesquisas são realizados com recursos do Fundo Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural, autorizados e posteriormente aprovados pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural e Políticas Culturais de Diamantina.

Neste contexto de render homenagens ao grupo e divulgar sua historia, registramos fragmentos do primeiro livro de ata da Guarda Romana de Diamantina datado de 10 de abril de 1996 que traz registro emocionado do Monsenhor Walter de Almeida Paulino, Diretor da Guarda Romana, que discorreu sobre sua atuação e  luta para a preservação desta tradição que se tornou um dos mais belos momentos de nossa história e que deve permanecer  como marco de religiosidade e fé no contexto da Semana Santa de Diamantina. Rendeu homenagem, admiração e respeito a missão dos Guarda Romanos pela sublime missão que o Senhor Morto os confia:

“que Deus na sua infinita bondade ilumine todos que pertencem a esta gloriosa Guarda Romana e abençoe-os pela sua fé e dedicação. Que o Senhor Morto ilumine os seus passos com sabedoria, dignidade e proteção e aqueles que ajudam manter esta tradição o nosso respeito e admiração, pois tem a benção divina e que estejam sempre ao nosso lado nesta caminhada de fé e tradição”[1].


Conheça um pouco da história da Guarda Romana de Diamantina e, caso tenha informações e registros sobre a Guarda, compartilhe-os conosco. O dossiê de registro e os relatórios anuais de recriação encontram-se no acervo da Secretaria de Cultura, Turismo e Patrimônio- Diretoria de Patrimônio Cultural.  Praça Antônio Eulálio, 56. Centro. Diamantina/MG


 [1] Patrimônio Imaterial de Diamantina. Inscrito no Livro das Celebrações sob o nº 02/2014. Decreto nº 0421 de 02 de dezembro de 2014.
[1] Dossiê de Registro da Guarda Romana de Diamantina. 2014. p.115/228. Arquivo SECTUR.
[1] Livro de ata da Guarda Romana de Diamantina. 1996. p. 1 verso.  Arquivo da Guarda Romana de Diamantina.


Cássia Farnezi Pereira e Márcia Dayrell França Botelho
Historiadoras


Fotos-Créditos:  ZELEO


[1] Livro de ata da Guarda Romana de Diamantina. 1996. p. 1 verso.  Arquivo da Guarda Romana de Diamantina.


[1] Dossiê de Registro da Guarda Romana de Diamantina. 2014. p.115/228. Arquivo SECTUR.
















Um comentário:

  1. Bom dia!
    Gostaria de utilizar a 5ª e penúltima imagem num artigo que menciona a semana santa em Minas Gerais. https://ssvm.org.br/artigo4/o-vinculo-entre-a-piedade-dos-mineiros-e-a-sua-padroeira/
    Evidentemente, mencionaremos o Crédito e indicaremos o link seus como forma de divulgação.
    Tudo ok quanto a isso? Se não estaremos retirando de imediato.

    Desde já, obrigado!

    João Junior

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