Aludir ao garimpo de diamantes para
se referir aos aspectos de nossa cultura, destaca a proposta de governo do
Prefeito Juscelino Roque em apoiar e fortalecer o DNA da cultura do município.
Nesse sentido, a estrutura sociocultural formada a partir da “civilização”[1]
da mineração em nosso município, se expressa por meio de algumas manifestações
que guardam muito da memória e história do nosso território. Ou melhor, em se
tratando de cultura, podemos falar de diferentes territórios físicos e
simbólicos, observados por meio dos cortejos de fé territorializados pelos
grupos de folias nas diversas comunidades.
Foi gratificante iniciar o mapeamento
da nossa tradição de folia de reis à partir de novembro de 2017 por meio do Projeto Viva Santos Reis - Cortejos de Fé,
coordenado pelas técnicas de cultura e patrimônio, Luciana Andrade e Lílian
Franciele. De um cadastro inicial na Secretaria de Cultura, Turismo e
Patrimônio-SECTUR de apenas 04 grupos, saltamos para 09 que foram identificados
já no início do mês de dezembro. Ao finalizarmos em janeiro as ações da
primeira etapa do projeto, havíamos contabilizado 17 grupos, e ainda, com
potencial de elevar mais ainda este número. Entre os grupos identificados, a
maioria cumpriu mais uma vez, junto com os devotos e comunidades de origem, o
Ciclo de Santos Reis, mantendo esta tradição de origem centenária. Poucos
grupos não conseguiram participar da tradição este ano devido a alguns
problemas específicos.
O mais importante foi perceber que,
apesar da crescente perda das manifestações de culturas populares do município,
a tradição de folia de reis se mantém bastante viva e inserida nas dinâmicas
sociais de suas comunidades de origem. O apoio aos grupos viabilizados pela
SECTUR foi considerado fundamental, alguns deles expressaram surpresa e
gratidão por terem sido pela primeira vez inseridos em um projeto da
administração pública. Assim, os grupos fizeram dezenas de cortejos, adentrando
e abençoando centenas de casas e famílias, em quase todos os distritos de
Diamantina, abrangendo aproximadamente 5 mil moradores que puderam interagir e
vivenciar esta tradição.
Foi surpreendente como algumas pessoas tiveram
que aprender como receber uma folia, o que fazer com a bandeira à porta de sua
casa. A indagação presente em alguns rostos sobre quais seriam os significados
dos cantos sagrados e dos rituais praticados pelos diferentes grupos
demonstrava a falta de vivência com tal prática. Ao mesmo tempo várias casas se
abrindo para a oferta de uma comedoria farta e generosa. O reconhecimento da
população local quanto a estas manifestações torna-se um dos principais meios
de garantir a sua permanência e continuidade. As comunidades, os foliões, as
paróquias envolvidas, o Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio
Cultural e de Políticas Culturais, todos estão de parabéns pela manutenção de
uma tradição que enriquece a nossa diversidade cultural.
O projeto volta-se agora para a
realização de ações sobre alguns aspectos que se encontram fragilizados na
dinâmica da manifestação, visando reverter tal fragilidade com vista ao
fortalecimento do grupo. Outras, irão identificar características próprias de
cada grupo visando evidenciar a diversidade existente dentro de uma mesma
tradição e avançar na preparação dos grupos e comunidades para o reconhecimento
das folias como patrimônio imaterial, fazendo com que Diamantina se alinhe cada
vez mais à política de patrimônio cultural coordenada pelo Instituto do
Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais-IEPHA. Ainda outras ações serão feitas visando
fortalecer a identidade coletiva de uma manifestação, formada por dinâmicas
garantidas por diferentes sujeitos que se irmanam na manutenção de uma tradição
centenária, passada de geração a geração. Continuemos o garimpo, em breve
partiremos para a apuração!
______________________
[1] Fazendo referência a Affonso Ávila, grande
pesquisador brasileiro, principalmente do barroco mineiro.
Márcia Betânia Oliveira Horta
Secretária Municipal de
Cultura, Turismo e Patrimônio
Folia de Reis de
Córrego Fundo de Pinheiro
A Folia de Reis de Córrego Fundo de
Pinheiro, tem por devoção à Santos Reis, e está marcada pela tradição familiar,
que vêm assegurando-a e atualmente, é a geração do senhor José Apolônio de
Souza, na pessoa de seu filho José Aparecido de Souza, que se responsabiliza
por agregar e incentivar os participantes. Ficou desativada por algum tempo e
retornou às suas atividades, em 2005.
O grupo tem um total de 06 (seis)
foliões, sendo, 05( cinco) tocadores: 03 (tres) violeiros, 02 (dois) pandeiristas e 01 (um) sanfoneiro. Tem
por forte característica, a composição masculina em toda sua existência. O
grupo iniciou o giro no dia 30 de dezembro de 2017 até o dia 06 de janeiro de
2018, visitando casas do distrito de Pinheiro, e ressaltam a intensa
participação da comunidade na celebração de visitas e bençãos.
Durante o período dos giros, os
foliões vestem camisa branca, com a inscrição “ Folia de Santos Reis de Córrego
Fundo de Pinheiro” que estampa a imagem de um violeiro. Ao final dos giros, no
acontecimento do “ remate”, o qual ocorreu no dia 27 de janeiro de 2018, no
prédio da Associação de Córrego Fundo de Pinheiro, foi celebrado junto com a
comunidade, em momento de oração e festa, as bençãos de Santos Reis à comunidade!!!!!!