quinta-feira, 6 de junho de 2019

PLANO DE SALVAGUARDA EM AÇÃO FESTA DO DIVINO ESPIRITO SANTO DE DIAMANTINA


A Festa do Divino Espírito Santo é bem imaterial, reconhecido por meio do “registro”, instrumento este, utilizado no país pelas políticas de preservação do patrimônio cultural à preservação de bens imateriais, tais como, as formas de expressão, celebrações e os modos de criar, fazer e viver, conforme artigo constitucional de 1988 e lei municipal que regulamenta a política municipal. Exatamente por ser importante referência cultural dos diamantinenses, é que esta celebração foi tornada patrimônio imaterial do município.
As diretrizes e medidas para valorização do patrimônio são postas no Plano de Salvaguarda e executadas, anualmente, pela Secretaria de Cultura, Turismo e Patrimônio em parceria com os detentores do bem, neste caso, com ex-festeiros, paróquia de Santo Antônio e comunidade diamantinense, nas ações de logística, gestão e financiamento.
Este complexo patrimônio cultural reúne diversas formas de expressão e distintos saberes, dentre eles a musicalidade, na tradicional música do divino, identificada pela comunidade como a Folia do Divino. Tal expressão musical é recriada anualmente durante a celebração pelas bandas locais, Banda do 3º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais, Banda Euterpe Diamantinense e Banda Mirim Prefeito Antônio de Carvalho Cruz e, curiosamente em reuniões de discussão sobre o plano de salvaguarda da festa foi levantada a questão da ausência da sua partitura.
 A melodia é descrita  por Soter Couto [1]como “composição original, sem compasso, introduzida no Tijuco desde a época colonial”. Executada pelas bandas locais, foi sendo passada de geração em geração de músicos, através de ouvido.
Neste sentido, articular a montagem da grade de partitura da Folia do Divino, como exposto, foi uma diretriz do Plano de Salvaguarda proposta para o ano de 2019, com o objetivo de garantir a identidade e memória da melodia. 
A metodologia para elaboração da mencionada partitura foi organizada pelo músico e professor Patrick de Aguilar[2]. A Folia do Divino, segundo este, era ensaiada de músico para músico da forma: ouvir e tocar, sem nenhum registro de partitura. Desse modo, no intuito de registrar a memória deste hino foi feita uma gravação da centenária Banda de Música do 3º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais, executando a Folia, e a grade foi criada a partir desta base; possui os naipes tradicionais de uma banda de música madeiras, metais e percussão.
Assim, no âmbito da política de preservação do patrimônio cultural a Prefeitura de Diamantina entregou a comunidade diamantinense a grade de partitura da Folia do Divino considerando esta uma ferramenta de suma importância para o auxílio na formação musical de músicos, e garantir fidelidade e exatidão na execução da música, que com o passar dos anos se transformou no Hino da Festa do Divino. O livreto foi entregue a maestros de bandas locais, grupos de serestas e Conservatório Estadual de Música durante a abertura da exposição do Divino Espírito Santo, no último dia 21 de maio.



[1] COUTO, Soter. Vultos e fatos de Diamantina. Imprensa Oficial: Belo Horizonte, 1954, p 128.

[2] Patrick Ricardo de Aguilar, músico e professor do Conservatório Estadual de Música Lobo de Mesquita, e maestro e professor da Banda Mirim Prefeito Antônio de Carvalho Cruz.




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