A Festa do Divino Espírito Santo é bem
imaterial, reconhecido por meio do “registro”, instrumento este, utilizado no
país pelas políticas de preservação do patrimônio cultural à preservação de
bens imateriais, tais como, as formas de expressão, celebrações e os modos de
criar, fazer e viver, conforme artigo constitucional de 1988 e lei municipal
que regulamenta a política municipal. Exatamente por ser importante referência
cultural dos diamantinenses, é que esta celebração foi tornada patrimônio
imaterial do município.
As diretrizes e medidas para valorização
do patrimônio são postas no Plano de Salvaguarda e executadas, anualmente, pela
Secretaria de Cultura, Turismo e Patrimônio em parceria com os detentores do
bem, neste caso, com ex-festeiros, paróquia de Santo Antônio e comunidade
diamantinense, nas ações de logística, gestão e financiamento.
Este complexo patrimônio cultural reúne
diversas formas de expressão e distintos saberes, dentre eles a musicalidade,
na tradicional música do divino, identificada pela comunidade como a Folia do
Divino. Tal expressão musical é recriada anualmente durante a celebração pelas
bandas locais, Banda do 3º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais, Banda
Euterpe Diamantinense e Banda Mirim Prefeito Antônio de Carvalho Cruz e,
curiosamente em reuniões de discussão sobre o plano de salvaguarda da festa foi
levantada a questão da ausência da sua partitura.
A
melodia é descrita por Soter Couto [1]como
“composição original, sem compasso, introduzida no Tijuco desde a época
colonial”. Executada pelas bandas locais, foi sendo passada de geração em
geração de músicos, através de ouvido.
Neste sentido, articular a montagem da
grade de partitura da Folia do Divino, como exposto, foi uma diretriz do Plano
de Salvaguarda proposta para o ano de 2019, com o objetivo de garantir a
identidade e memória da melodia.
A metodologia para elaboração da
mencionada partitura foi organizada pelo músico e professor Patrick de Aguilar[2]. A
Folia do Divino, segundo este, era ensaiada de músico para músico da forma:
ouvir e tocar, sem nenhum registro de partitura. Desse modo, no intuito de
registrar a memória deste hino foi feita uma gravação da centenária Banda de
Música do 3º Batalhão da Polícia Militar de Minas Gerais, executando a Folia, e
a grade foi criada a partir desta base; possui os naipes tradicionais de uma
banda de música madeiras, metais e percussão.
Assim, no âmbito da política de
preservação do patrimônio cultural a Prefeitura de Diamantina entregou a
comunidade diamantinense a grade de partitura da Folia do Divino considerando
esta uma ferramenta de suma importância
para o auxílio na formação musical de músicos, e garantir fidelidade e exatidão
na execução da música, que com o passar dos anos se transformou no Hino da
Festa do Divino. O livreto foi entregue a maestros de bandas locais, grupos de
serestas e Conservatório Estadual de Música durante a abertura da
exposição do Divino Espírito Santo, no último dia 21 de maio.
[1]
COUTO, Soter. Vultos e fatos
de Diamantina. Imprensa Oficial: Belo Horizonte, 1954, p 128.
[2] Patrick Ricardo de Aguilar, músico e professor
do Conservatório Estadual de Música Lobo de Mesquita, e maestro e professor da
Banda Mirim Prefeito Antônio de Carvalho Cruz.
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