Em continuidade às ações para as
comemorações dos 20 anos de Diamantina como Patrimônio Mundial, a Prefeitura
Municipal de Diamantina e a Secretaria Municipal de Cultura, Turismo e
Patrimônio, através de sua Diretoria de Patrimônio, entregaram nesta quinta-feira,
19 de dezembro de 2019 os “Presentes do Patrimônio” aos grupos culturais de
Diamantina.
As manifestações representadas a
partir das culturas fortalecem e dão importância à relação das pessoas com suas
heranças culturais. Dessa forma, as discussões em torno do termo cultura
assumem a função de olhar a diversidade cultural e social, o que abre espaço
para discussão e valorização em torno dos saberes que estão para além das
diferentes manifestações culturais.
Para que esses saberes possam adentrar
às políticas públicas, é necessário fortalecer e compreender as contribuições
desses grupos sociais, neste caso, os que compõem a Marujada, Caboclinhos,
Guarda Romana, Folias de Reis, no sentido de destacar sua importância no
universo cultural da criação humana e, por sua vez em Diamantina.
As peças e adereços entregues para os
grupos culturais foram todos adquiridos com recursos do Fundo Municipal de
Preservação do Patrimônio Cultural, autorizados e posteriormente aprovados pelo
Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural e Políticas Culturais
de Diamantina.
Foram entregues:
- Ao Centurião da Guarda Romana de Diamantina,
Sr. Otávio de Jesus Ferreira 14 novos capacetes, confeccionados por empresa
local.
Particularmente ligada as celebrações
da Semana Santa em Diamantina está a Guarda Romana inserida no vasto patrimônio
cultural diamantinense, inscrita no Livro das Celebrações (no qual são
inscritos rituais e festas que marcam a vivencia coletiva do trabalho, da
religiosidade, do entretenimento e de outras práticas da vida social), devido a
toda importância que lhe e conferida dentro da celebração.
Desde seu registro como patrimônio do
município, passou-se a subsistir a obrigação pública de documentar, acompanhar,
investir e apoiar a sua recriação, como forma de manter viva sua tradição e sua
história.
A confecção de novos capacetes é uma
ação do Plano de Salvaguarda da Guarda Romana que possibilitará a inclusão de
novos elementos ao grupo.
- Ao Mestre da Marujada Nossa Senhora
Rainha da Paz, senhor Geraldo Domingos Cruz vinte e cinco indumentárias
completas para cada elemento da Marujada.
Foi relatado pelo Sr. Geraldo
Domingos Cruz, que o Grupo foi criado em 05 de agosto de 2005, originado do
Grupo de Folia de Reis, do qual ele participava. O grupo surgiu numa conversa
antes do ensaio da Folia de Reis Cristo Rei da Paz, na sala onde a banda de
música de Diamantina ensaiava no bairro Rio Grande. Nesta ocasião, Seu Nonô,
Jose Raimundo Almeida, participante da folia, perguntou porque não havia Marujada
em Diamantina. Seu Nonô era Mestre da Marujada de São Gonçalo do Rio Preto e
estava residindo em Diamantina e relatou que havia tentado formar um grupo em
Diamantina e não conseguiu, pois, não tinha apoio e não conseguia controlar o
grupo. O Sr. Geraldo Domingos, nesta feita, propôs o apoio para criação de uma
Marujada e o grupo surgiu, tendo à frente, como Mestre o Sr. Geraldo Domingos e
como Contramestre o Sr. Antônio Eusébio.
As indumentárias que estão sendo
entregues aos participantes foram confeccionadas por costureira local e
financiadas com recursos do fundo municipal de preservação do patrimônio
cultural. As indumentárias são compostas de calça comprida, camisa, saia,
jabour e quepe.
- Ao Mestre Carlos Rubens dos Reis
foram entregues 20 indumentárias confeccionadas para os Caboclinhos de
Diamantina.
Desde 2017, a Diretoria de Patrimônio
iniciou contato com Carlos Rubens, ex integrante do grupo de caboclinhos de
Diamantina, filho do mestre Jose Rubens dos Reis, já falecido, no intuito de
fomentar o resgate do grupo.
Segundo Carlos Rubens a última
apresentação dos caboclos de Diamantina deu-se na década de 80, quando seu pai
Jose Rubens era o mestre. Desde então, Carlos atribui que a idade avançada de
seu pai, mudança de religião e de cidade de alguns membros levaram ao fim da
manifestação.
Várias ações ocorreram para fomentar
o resgate da manifestação e hoje o grupo recebe as indumentárias,
confeccionadas por costureiras locais Soares.
Cada indumentária é composta de uma
saia de plumas, um cocar, dois adereços de braço e dois de perna com penas de
pato e galinha, um short, uma camiseta de malha, sandália, e três colares.
As Folias de Reis são registradas
como patrimônio imaterial do Estado de Minas Gerais. Em Diamantina, desde 2017
é realizado o projeto Viva Santos Reis – Cortejos de Fé.
No contexto deste projeto foram entregues
indumentárias e insumos para alguns dos grupos que participam do projeto.
- O Senhor Vidal Alves, mestre folião
da Folia de Reis Unidos do Vale recebeu 30 camisetas de malha.
A Folia de Reis Unidos do Vale,
presidida por Vidal Alves herdou a bandeira do mestre folião Sr. Porfírio
Ferreira que faleceu em 2001. A folia do Sr. Porfírio remonta tempos antigos do
povoado de Guarda-Mor, região de garimpo nas proximidades de São João da
Chapada. A bandeira desse grupo tem mais
de 100 anos e esta tradição é mantida por seus novos integrantes que tem como
principal base de ação, o Bairro Cidade Nova. Atua No giro de Reis de dezembro
de 2018 a janeiro de 2019 o grupo visitou mais de 50 casas na cidade de
Diamantina.
- O Senhor Moacir da Conceição
Alcântara, mestre durante o giro da Folia de Reis de Maria Nunes do Povoado de
Maria Nunes recebeu 28 camisetas de malha.
Sr. Moacir da Conceição Alcântara é o
responsável pelo grupo há 08 anos e mestre durante o giro. De acordo com ele a
comunidade tinha um grupo de folia, mas com o tempo foi extinto, ele reergueu o
grupo;
- A Senhora Sandra Eugênia Guedes
Duarte, mestre da Folia de Reis da Vila Operária para receber uma Sanfona de 8
baixos de tecla.
O grupo foi fundado em 2004 pela
senhora Sandra Eugênia Guedes Duarte, no qual assume o papel de mestre do grupo
comandando ao som de sua viola. A Folia de Reis da Vila Operária é o único
grupo de Diamantina que tem em sua formação somente mulheres “As Foliassas”,
dividido em 02 vozes e uma repentista. A bandeira tem a imagem da sagrada
Família e foi confeccionado pelo artista plástico Marcelo Brant.
- O Senhor Ademir
Aparecido Medeiros, do
Grupo de Folia de Reis de Sopa do Distrito de Sopa para recebeu 1 caixa de
Alfaia também confeccionada em Diamantina.
A Folia de Reis do distrito de Sopa,
começou há mais de 100 anos sob a coordenação do senhor Lázaro e se estendeu
até o ano de 2012, quando foi interrompida. O senhor Expedito conta que entrou
como integrante na folia desde os quatorze anos, acompanhando o grupo com
cavaquinho e violão. Faziam as visitas às casas e os moradores serviam
deliciosos lanches, vinhos, caldos e muito mais. Era costume as pessoas
acompanhar a folia pelas ruas. Segundo o senhor Expedito a folia de reis é uma
das culturas e tradições que deve ser mantida em todas as comunidades.
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